O grupo Jornal do Comércio (JC) de Pernambuco, assim como grande parte da grande mídia, sempre teve lado e perfil ideológico definido. Mas, assim como os “parceiros” precisa fazer crer serem veículos com imparcialidade jornalística e melhor lucrar.
Há problema em um meio de comunicação assumir uma linha editorial liberal ou mais progressista? Pelo contrário, para o amadurecimento da democracia, sendo o papel da mídia e jornalismo cruciais para essa finalidade, é importante garantir essa liberdade, mas com deveres transparentes. A linha editorial tem que ser objetiva, clara quanto a sua finalidade para que os que acessarem suas informações não sejam manipulados por uma pseudo imparcialidade.
Não existe neutralidade política, ainda mais num cenário polarizado como o que estamos, no entanto essa “escolha de lado” não pode estar deslocada da verdade, tampouco se forçar a crer um veículo sem tendência política definida.
COMERCIALIZAÇÃO DOS FATOS: ATACAR PARA SE VITIMIZAR
O grupo JC adota uma forma de se vitimizar no ataque. Gradativamente vem escolhendo espaços seus para criminalizar o PT e a esquerda. Citando apenas os casos mais recentes a nova série de antipetismo inicia na edição de domingo (14) onde publica um artigo de opinião intitulado “A ligação da esquerda com a criminalidade” de um pseudo intelectual que optou por negar e deturpar fatos históricos para reforçar sua crendice de “caça aos comunistas”.
Digamos que um ataque calculado, afinal, geralmente, “o artigo não reflete a opinião do grupo”. Balela. Do título à escolha da imagem do presidente Lula para ilustrar as sandices do texto, assim como não terem dado o mesmo espaço para os agredidos exercerem seu direito de resposta, temos a ilustração da falsa neutralidade. Não surpreenderá lermos em breve um artigo de opinião pró-cloroquina, anti-vacina, pró-armamento.
A troca do jornalismo real pela panfletagem antipetista, extremista vai se escancarando cada vez mais. Somente essa semana, em que o Estado recebeu a visita do presidente Lula para, entre outras agendas, anunciar a retomada de investimentos na Refinaria de Abreu e Lima de US$ 1,5 bilhão (R$ 7,5 bilhões) até 2027 que gerará mais de 30 mil empregos e unidades voltadas à produção de energia sustentável, incluindo o biodiesel e o hidrogênio verde, o grupo se viu em plvorosa. Para o panfleto de extrema-direita é difícil até noticiar, mas eles conseguem sem vergonha alguma o malabarismo:
Perceba o que está em letras garrafais e nas linhas menores. Há pelo menos três grandes pontos positivos acerca do investimento, mas o que ganha destaque é “A CORRUPÇÃO!”
Em outro artigo o desespero é maior, pois o autor se vê obrigado a reconhecer a retomada dos investimentos como “importantíssima”, mas adjetivos positivos junto a Lula? Deve doer e custar pontos na carteira panfletária. Não tendo como negar os benefícios trazidos para Pernambuco em tão pouco tempo de mandato, o colunista resolveu escolher como alvo de crítica o evento de lançamento. Sim, segundo ele, o anúncio que gerará pelo menos 30 mil empregos diretos e trará protagonismo ao Estado não precisaria ser anunciado em evento grandioso:
“Não precisava de festa ou palanque para isso. O anúncio podia ser mais discreto”.
Talvez numa nota de rodapé do JC?
Mas não basta o texto verbal medíocre, apelaram até para as charges, tão medíocres quanto. Traço ruim conteúdo ainda pior.
A direita não tem nenhum ilustrador, roteirista mais competente? Em nome da panfletagem vale abrir mão da qualidade.
E esticar a corda nos ataques também tem outro propósito: o da vitimização citada no início. É comum confundir liberdade de expressão com liberdade de difamação. Quando difama, ataca, pede-se reação… Quando a reação vem, seja no simples pedido de direito de resposta, processo judicial, ou mesmo citar a tão necessária reforma e democratização da mídia, aí o chorume começa: “DITADURA COMUNISTA!”, “TENTAÇÃO AUTORITÁRIA”, “O PT QUER VIGIAR E CONTROLAR A IMPRENSA”.
Estratégia velha, que a cartilha VEJA ensinou bem e que, infelizmente, tende a pender em favor dos algozes e não das vítimas. A capa acima é de 2004 e o que chamam de “investida para vigiar e controlar” nada mais era do que o início das discussões acerca da regulação da mídia que, até hoje, segue sem respeitar o que está posto na Constituição de 1988.
Por muitas vezes não se colocar a comunicação como primordial para o fortalecimento da democracia o campo progressista acaba retrocedendo, não fazendo o debate necessário, por “medo da polêmica”…
E, assim, os cães seguem ladrando…os ladrões seguem ganhando…a democracia segue perdendo e os fantoches seguem assistindo. Uns vendo as cordas que os manipulam, outros recebendo para ter suas cordas, mas todos no mesmo teatro de tragédia.
Artigo de Opinião por Daniel Filho