Artigo de opinião por Francis Rubens
Na campanha de 2022 a candidata Raquel Lyra resolveu adotar o tom neutro por estratégia. Mesmo estando muito próxima de um núcleo bolsonarista no Estado ela não queria afastar votos de Lula. Existe também um diálogo entre os ex-rivais PT e PSDB na esfera nacional.
Por outro lado o governo Raquel Lyra se mostra muito distante de dialogar com a classe trabalhadora, ainda mais com os servidores públicos. Chegando como xerife em cidade dos antigos filmes de faroeste, a governadora iniciou seu mandato já mirando o funcionalismo sem apresentar alternativas para demissões e exonerações que promoveu.
O Governo estadual também tem mais de 100 dias e não apresentou nenhum projeto estruturante para o estado. Além de ter de lidar com problemas herdados da gestão anterior ainda tem de se preocupar em corrigir os próprios erros. Com um governo atuando igual a um cachorro correndo atrás do próprio rabo, fica difícil de qualquer partido de esquerda se colocar como situação.
Diante deste quadro podemos ver a outra face da neutralidade. O PT desde a campanha eleitoral enfrenta conflitos internos. Ao definir no primeiro turno o apoio a Danilo Cabral (PSB), uma ala interna reagiu e declarou apoio a Marília Arraes criando o movimento oPTei. Com a derrota de Danilo Cabral parecia que haveria um fechamento em torno de Marília Arres, mesmo assim há relatos de grupos pertencentes a Federação Brasil pelo interior que faziam campanha para Raquel Lyra.
Situação na Assembleia Legislativa
Este quadro de disputa interna pode ser um fator que dificulta um posicionamento do PT de oposição. Sabe-se também que a conjuntura nacional com uma “frente ampla” também influencia as decisões estaduais. Dessa forma na Assembleia Legislativa temos a seguinte configuração: A bancada de oposição formada por PSB (14) e PSOL (1) totalizando 15 deputados, a bancada governista formada por PP(8), PSDB (3) e Patriota (1) totalizando 12 deputados e independentes temos 22 parlamentares de diversos partidos, entre eles PT, PV e PCdoB que juntos possuem a terceira maior bancada da casa com 7 deputados.
Durante esses meses de mandato do governo estadual vimos a distância entre o governo estadual e os interesses da classe trabalhadora. No legislativo temos um “centrão” de maioria composta por partidos como PL e Republicanos e oposição composta por maioria pelo PSB, que não podemos dizer que é um partido muito comprometido com os trabalhadores de Pernambuco.
É um cenário que parece arrastar Pernambuco para um quadro de ataque aos direitos do trabalhador principalmente no serviço público. A forma de amenizar seria um posicionamento firme da terceira maior bancada, pois, neutro, só detergente.
Não foi tão fácil derrotar o monstro da ditadura, mais difícil, trabalho para 12 hércules, remover sua carcaça. Pois foram 16 anos de maquinações perversa do PSB.
O Estado de Pernambuco tornou-se um canteiro de obras nos 12 anos do PT, mas o seu companheiro de governança, PSB, na perfidia, lhe é peculiar, participou ativamente do golpe que apeou o PT do poder. Equivocada e malévola narrativa dos formadores de opinião petista, que o golpe, com ajuda do PSB, apenas derrubou Dilma. Lembro-me da benfazeja experiência do Titã da filosofia, Marilena Chaui, governo PT, Prefeitura SP, exortou, que fora sabotada em seus projetos, e jamais participaria da administração pública.
Na terrinha, temos que ocupar os espaços, mormente nas periferias; fazer comentários sobre as agruras dos bairros pobres, é midiatico, é preciso estar materialmente presente, com CCP, Centro de Cultura Popular, laicos.