Na última assembleia do Sindicato dos trabalhadores em educação, SINTEPE, acontecido ontem (14) no Teatro Boa Vista. Dentre muitas falas uma ilustrou bem como funcionários públicos estaduais estão se sentindo nos primeiros cem dias de Raquel Lyra:
“Eu, pensando no que discursar, que autor ou filósofo poderia citar… Pensei em Foucault, mas acho que convém, após ouvir essa proposta do governo, em um filósofo da ficção: Tonho da Lua que dizia: ‘Raquel é má…’. Dói saber que é uma mulher no poder e que vive repetindo que é funcionária pública, mas que, na verdade é da oligarquia. Não sabe o que é contar dinheiro pra fechar a conta do mês!(…)”. Declarou a professora de espanhol da rede estadual, Marília Cibelle, em referência à personagem ficcional, Tonho da Lua, da telenovela “Mulheres de Areia”.
A proposta citada é referente ao anúncio de reajuste zero a profissionais da educação que recebem acima do piso. Aos poucos professores, que ainda estão abaixo, o reajuste só seria concedido em Outubro.
Em assembleia a categoria da educação se revoltou e definiu um calendário de mobilizações com ao menos uma paralisação de atividades por semana, não descartando a possibilidade de deflagrar greve, até que se reveja a proposta e garanta 14,95% de reajuste com repercussão em toda carreira.
Na educação o problema não para no desrespeito à lei do piso. Centenas de denúncias de escolas sem merenda e sem kit escolar para os estudantes, ameaças de massacre e atos de violência, uma desastrosa implementação do novo ensino médio, união de estudantes secundaristas se queixando da falta de diálogo, demora na convocação dos aprovados no último concurso, indefinição nas eleições para gestores regionais são alguns dos obstáculos…
Atingindo diversos outros segmentos do serviço público estadual conta ainda a grave crise no Sassepe, sistema de saúde que atende servidores públicos e dependentes, pode fechar as portas por acúmulo de dívidas.
Cem dias sem diálogo também com o Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco, SINPOL. O sindicato que, na campanha eleitoral chegou a ter diretores e presidente apoiando-a, não é mais recebido para debater reajuste e carreira.
À deriva governo pode ver uma sequência de manifestações e protestos virarem greves duras com poder de abater ainda mais a já fragilizada imagem de Raquel Lyra frente ao Estado.
Cem dias
Sem perspectiva de melhoras e o servidor público sentindo na pele que Raquel não é Ruthinha.
Raquel é má!
Artigo de opinião por Daniel Filho
