A Hutukara Associação Yanomami divulgou ontem (11) relatório denunciando diversos abusos dos garimpeiros presentes nos territórios, entre eles que garimpeiros exigem sexo com meninas e mulheres indígenas como moeda de troca por comida na reserva.
O Ministério Público Federal (MPF) mais uma vez apresenta à Justiça Federal pedido para obrigar a União a retomar ações de proteção e operações policiais contra o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, visto que as operações executadas em 2021 não contiveram o avanço das atividades ilegais.
A Terra Indígena Yanomami é a maior reserva do país, com mais 10 milhões de hectares distribuídos no Amazonas e Roraima, onde fica a maior parte. São mais de 28,1 mil indígenas que vivem na região, incluindo os isolados, em 371 aldeias. Além da destruição ambiental, a presença do garimpo também provoca a disseminação de doenças e desnutrição.
O garimpo ilegal na terra indígena Yanomami (RR) cresceu 3.350% entre 2016 e 2021. A consequência direta é o crescimento da malária, da desnutrição infantil, da contaminação por mercúrio e da exploração sexual. Os garimpeiros usam a fome e bebidas alcoólicas para explorar sexualmente crianças e mulheres. As vítimas vivem um clima permanente de terror e angústia.
“Os garimpeiros destruíram nossa floresta. Nós, lideranças, não queremos seus garimpeiros! Nossos animais de caça já acabaram! As crianças já estão sofrendo com doenças de pele e diarreias! Nossos filhos já estão doentes! Bolsonaro, busque seus filhos garimpeiros e os leve de volta!”, diz uma liderança indígena, em trecho da fala destacado no relatório.
No rio Apiaú, moradores relataram que um minerador ofereceu drogas e bebidas aos indígenas. Quando todos já estavam bêbados e impossibilitados de reagir, estuprou uma das crianças da comunidade.
Em outra denúncia, um garimpeiro ofereceu mercadorias para se “casar” com um adolescente, mas nunca entregou os produtos. Trechos de depoimentos colhidos por pesquisadores evidenciam como se dão os abusos.
O RELATÓRIO:
O relatório tem por objetivo descrever a evolução do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami (TIY) em 2021. Trata-se do pior momento de invasão desde que a TI foi demarcada e homologada, há trinta anos. Apresenta como a presença do garimpo na TIY é causa de violações sistemáticas de direitos humanos das comunidades que ali vivem. Além do desmatamento e da destruição dos corpos hídricos, a extração ilegal de ouro (e cassiterita) no território yanomami trouxe uma explosão nos casos de malária e outras doenças infectocontagiosas, com sérias consequências para a saúde e para a economia das famílias, e um recrudescimento assustador da violência contra os indígenas.
Para ler o relatório na íntegra, segue o link:
Fontes: Brasil de Fato e G1