SUSPENSÃO DO CONSIGNADO E OPORTUNISMO DOS BANCOS

SUSPENSÃO DO CONSIGNADO E OPORTUNISMO DOS BANCOS

Estamos assistindo o primeiro embate entre governo e mercado financeiro e um desses capítulos é a suspensão do consignado. O governo federal definiu que os empréstimos consignados para aposentados INSS cairá de 2,14% ao mês para 1,70%.

Após as medidas anunciadas pelo ministério da previdência os bancos resolveram suspender a linha de crédito para aposentados e pensionistas do INSS. Primeiro foram os bancos privados e financeiras e logo depois veio a adesão da Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.

Justificativa dos Bancos

Para justificar os bancos afirmam que fica inviável fornecer linhas de créditos com juros tão baixos, falam do custo da oferta de crédito. Primeiro vamos entender que o crédito consignado é uma modalidade de risco muito baixo. É um empréstimo que quem paga é o ente pagador (no caso é o INSS) que desconta diretamente do pagamento do pensionista. Dessa forma o banco corre menos risco de um “calote” que um financiamento de veículo ou imóvel que contam com bens como garantia.

Já o IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) classificou a atitude dos Bancos como “abusiva e oportunista”. Estão explorando a fragilidade de uma parcela da população para interferir nas políticas estatais. O governo federal se posicionou contra a alta de juros imposta pelo Banco Central e busca meios de amenizar esse aumento para que o setor produtivo possa crescer. Na outra ponta estão as entidades financeiras, que querem juros cada vez mais altos e viram no consignado uma forma de pressionar para que os juros se mantenha altos.

Voo solo de Lupi

Mas é justo lembrar que o teto de 2,14% era praticado antes da taxa Selic chegar ao patamar atual e a decisão de baixar o teto não passou por uma discussão com outros ministérios diretamente afetados. A quem chame a medida de “vôo solo de Carlos Lupi”.

Fica ainda mais complicado quando vemos que o BB e CEF também aderiram a suspensão do consignado. Não dá pra tomar medidas para forçar baixa de taxas de juros sem estar tudo alinhado com os bancos públicos. O que faz surgir o questionamento se o governo está conseguindo estabelecer uma sintonia entre seus ministérios e seus entes.

Um governo que presa pelo mais necessitados e por uma economia não pode se submenter às vontades e caprichos de uma minoria que atende por “mercado financeiro”. É preciso retomar o Banco Central e torná-lo independente dos interesses privados, bem como remover o BB e Caixa desse cartel que se tornou o sistema bancário Brasileiro.

Com um governo montado dentro de uma “frente ampla” essas ações são muito complicadas de serem realizadas. É preciso sintonia da ala mais à esquerda do governo com militância e movimentos sociais, pois os donos o tal “mercado” são muito poderosos e influentes.

Artigo de opinião por: Francis Rubens

Share

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com