DONA BÁRBARA: SERTANEJA REVOLUCIONÁRIA

DONA BÁRBARA: SERTANEJA REVOLUCIONÁRIA

Bárbara Pereira de Alencar, ou “Dona Bárbara do Crato” um sertaneja revolucionária que foi a primeira presa política do Brasil. Nasceu em 11 de fevereiro de 1760 na Cidade de Exu, na Capitania de Pernambuco, em uma família abastada. A casa onde viveu na infância, na Fazenda Caiçara, é hoje um pequeno centro cultural. Ela se casou contra a vontade dos pais aos 21 anos com um comerciante português. Mudou-se para a Cidade do Crato, atualmente sertão do Ceará, mas na época ainda pertencente à província de Pernambuco.

Foi mãe dos também rebeldes José Martiniano de Alencar e Tristão de Alencar, avó do famoso escritor José Alencar e tataravó de Raquel de Queiroz. Um livro escrito por Juarês Ayres de Alencar – “Dona Bárbara do Crato” – a partir das memórias de família ajuda a manter vivos alguns relatos dessa personagem.

Embora ainda não fosse viúva, Bárbara cuidava dos negócios da família, no Sítio Pau Seco, à revelia de seu esposo, 30 anos mais velho. Respeitada e atuante como uma das mais importantes matriarcas da região, figurava como uma mulher forte do sertão. Por conta de suas ligações com Pernambuco e em acordo com as ideias de seu filho, José Martiniano de Alencar, aos 57 anos teve participação ativa na Revolução de 1817, que começara justamente em Pernambuco. Dessa forma, ela é uma personagem importante para pensarmos as tensões que marcaram o processo político da independência do Brasil.

Sertaneja Revolucionária

Teria assumido o comando do movimento (de 1817), deixando a liderança apenas para que seu filho José Martiniano de Alencar subisse no púlpito em frente à igreja e proclamasse a república na região, a República do Jasmim, nome de uma propriedade sua. Bárbara se viu impossibilitada de fazer a proclamação ela mesma. Não era atitude própria de uma senhora”.

A luta de 1817 foi separatista, ambicionava-se fundar uma república, o que ocorreu na cidade de Crato por apenas seis dias. Embora seu filho tenha tomado a frente do movimento, o reconhecimento a Bárbara Alencar faz com que muitos digam que ela foi a primeira presidenta do Brasil teve. Se existe controvérsia sobre sua curta presidência, não há contestação sobre o título de primeira presa política. Vale lembrar que sua prisão por causa política, ou seja, a rebelião contra a ordem monárquica e portuguesa não se sobrepõe à luta de muitas mulheres que se levantaram contra a escravidão e foram penalizadas por isso.

Tortura e outras lutas

No entanto, a repressão à República do Crato foi avassaladora. Bárbara e seus filhos foram presos e levados primeiro para Fortaleza, depois para Recife e Salvador. Existem relatos de que Bárbara, teria sido torturada, além de pendurada no lombo de um burro com os braços acorrentados pelos dias que duraram a viagem do Crato até Fortaleza.

Também participou de outra revolta, agora com o Brasil já independente e contra Dom Pedro I e seu autoritarismo. Esteve na Confederação do Equador que explodiu em 1824 em Pernambuco, e que rapidamente se alastrou por outras províncias do Nordeste, entre elas o Ceará. A repressão contra os rebeldes novamente foi dura e nessa ocasião Bárbara perdeu dois de seus filhos, mortos na guerra.

Dona Bárbara faleceu em 1833 , após forte reação dos restauracionistas depois da abdicação de D. Pedro I, em 1831. Dessa vez, a revolucionária sertaneja com idade já avançada não aguentou a viagem ao Piauí.

Dona Bárbara de Alencar é mais um grande exemplo do que significa o período de 06 a 08 de março, é mais um símbolo de da força da mulher Pernambucana.

Fonte: Blog Mulheres do Fim do Mundo

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